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Archive for julho \23\+00:00 2010

Sobre twitter, comunicação e Relações Públicas

Há alguns dias tenho ficado incomodado com a velocidade e o rumo com que vários assuntos têm tomado nas redes sociais. Vou falar especificamente do twitter, plataforma cuja qual dedico maior tempo do meu dia, principalmente por ser uma de minhas ferramentas de trabalho.

O fenômeno das últimas semanas tem sido os vlogs – uma junção de vídeo e blog que faz com que qualquer pessoa e sua web cam “transformem” o cotidiano e o foco de qualquer discussão que possa estar acontecendo no twitter.

Em meio a vários acontecimentos do caso Bruno, o início das campanhas e sabatinas das eleições 2010, às férias escolares e à morte de um filho de uma famosa atriz – um jovem chamado Felipe Neto(@felipeneto) tem causado a ira de vários adolescentes que não concordam com a maneira de pensar (ou talvez seja um parecer pensar) do vloger.

Muitas pessoas discutem a questão da inclusão digital, nas universidades este é um assunto muito falado em sala de aula, em trabalhos e em conversas informais entre os estudantes; mas acredito que estes avanços nos estudos não acompanham a velocidade dos acontecimentos e as conseqüências que estes possam ter para o meio comunicacional, e por que não à esfera offline que também recebe essas notícias.

Em um período de um dia milhares de vídeos-respostas a este Felipe Neto aparecem através de seus protagonistas, para que reine a sensação de que serão ouvidos, justos e leais a seus ideais, fontes inspiradoras e “exemplos” de estilos de vida.

Acho que o mais preocupante é que talvez este espaço que esteja sendo muito utilizado para defender um ou outro artista, esta ou aquela banda, este ou aquele filme – poderia ser utilizado para outros fins e causas. Sei que a era do conteúdo que vivemos atualmente, talvez seja o “start” para uma conscientização futura destes jovens da melhor utilização destes meios de comunicação e disseminação de idéias.

Prefiro acreditar nisso, a ter que pensar que estes jovens realmente buscam nessas causas a “tampa para a sua panela” que nunca encontrou dentro de casa, em leitura de clássicos ou em experiências trocadas com avós, amigos, vizinhos, professores e colegas de vida.

É triste ver o rumo que essa falsa “democracia online” vem tomando. É preocupante para nós, estudantes e profissionais de comunicação, imaginar que nosso público alvo pode ser tão engajado e influente – mas ao mesmo tempo, carentes de uma causa maior, ou de um espírito de coletividade que os una para um bem em comum.

Sempre acreditei que a chamada “massa” era repleta de individualidades, e acho que a comunicação e estratégias de Relações Públicas, entenderam que o foco e a personalização de projetos e produtos fosse o caminho certo para uma comunicação mais eficiente e com mais resultados. O que estamos vendo, é que dentro dessas individualidades, temos um ponto cego pronto para emergir – e não sabemos como agir pelo fato de nunca termos passado por experiências semelhantes antes.

Eis o desafio: como agir com um futuro que emerge diante de nossos olhos, sem fazer o “download” de outras experiências e ocasiões? Como lidar com estes fenômenos comunicacionais e pessoas que “recheiam” nossas telas diariamente e criar soluções inteligentes para que as organizações e seus produtos estejam inseridos neste contexto também?

É hora de pensar, hora de produzir, hora de disseminar, hora de colocar em prática novamente as Relações Públicas – as verdadeiras – e não a que imaginamos ser, ou queremos que seja através de personagens fictícios da dramaturgia. Você é RP – quando tomarmos consciência do “eu” que está inserido nesta categoria RP, a coletividade ficará mais saudável e apta a ser uma “unidade com uma vasta diversidade”.

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